Por: Rubya Perusso, Yohana Freitas e Maria Eduarda de Medeiros Lage
EU TE ENTENDO - Rubya Perusso
Eu entendo que às vezes a vida não é justa
Que tudo o que queremos é fugir daquilo que nos causam dor E que num desespero de tudo, respirar já não nos inspira mais.
Eu entendo que às vezes nos cansamos de nós mesmos Que achamos que nossos traumas e decepções nos definem E que nesse caos todo, acabamos envoltos num exílio de tudo e de todos.
Eu entendo como o passado ou o futuro nos corroem na tentativa de preencher um vazio
Eu entendo como as lágrimas transbordam em constâncias insólitas e ácidas
Eu apenas entendo o que é estar num abismo entre morrer para viver e viver para morrer.
Eu te entendo,
E gostaria que você soubesse o quanto você faz falta aqui Não há necessidade de carregar esse fardo sozinho, procure ajuda:
Você não é a sua depressão, ansiedade ou seu transtorno Você não é seus traumas e decepções
Nem a opinião de alguém que não te conhece
O seu passado não pode te definir!
Algum dia você conseguirá matar todos os seus demônios Só se lembre de matar um por dia
Lute com todas as suas forças
Pois nesse dia respirar será alentos para seus pulmões E a brisa compensará qualquer dor e canseira que os combates contra seus piores inimigos já te deixaram - Viver é uma arte e você é o artista da sua própria vida. Nós precisamos das mais diversas artes que existem: a sua singularidade faz falta aqui!
Lembre-se: "sempre haverá pessoas que gostariam de admirar a sua galeria".
~ Rubya Perusso
História de pensamentos - Yohana Freitas
Segunda - feira, 27 de outubro de 2021, 11:10. Último período , aula de história. Só mais um pouquinho de concentração, e depois posso matar a fome que começa.
11:15. É uma matéria nova. Começo a fazer minhas anotações enquanto a professora explica para a sala. O assunto é sobre Colombo e seu encontro, descobrimento ou invasão, escolha o termo que preferir leitor, nas Américas. Os slides com as fotos cativam minha atenção. Continuo com as anotações.
11:30. Tempo que minha concentração acaba de desconectar com o assunto. O tema abordado, agora, é sobre os males que os povos originários sofreram, com ênfase na questão dos estupros que mulheres e moças sofreram. A partir desse momento, parei de escrever enquanto minha mente me rodeava de pensamentos que gritavam em minha mente, se é possível um pensamento gritar.
ESTUPRO. Lembro- me quando me encontrei com a palavra pela primeira vez. Eu tinha 10 anos. O Brasil parava com o caso de um estupro coletivo no Rio. Assistia as notícias indignada e pensava em toda minha inocência “ O que é estupro?”. O assunto era febre na época, até nas escolas comentavam. Recordo apenas de uma fala da minha professora: “ Ela estava pedindo!”. Pedindo o que? Ser violentada? Meu coração gritava de horror durante essa fala. Ela estava pedindo... Carrego esse pensamento até hoje em minhas recordações.
11:40. Tento me obrigar a prestar atenção na aula, porém, minha mente vagueia. Vivenciei tantos casos a partir que fui crescendo e entendendo como o mundo funciona. Minhas tentativas de focar, não funcionam. Agora me recordo do último caso que fiquei sabendo… Não é irônico falar de estupro na semana em que foi transmitido um em rede nacional?
Estou cansada de “ presenciar” todos esses casos. O assunto discutido acontece em 1500 e em 2021 ainda tenho que me defender do mesmo perigo que aquelas mulheres. Por que foi considerado aceitável lutar, pelo direito do seu próprio corpo, quando deveria ser um direito básico como cidadã?
11:55. Momento de dar tchau e agradecer pela aula. Olho minhas anotações, e vejo como estão incompletas diferente da minha mente. Vou precisar reassistir a aula. E fazer minhas atividades depois do almoço. E ignorar as perguntas em minha mente que não parecem ter respostas…
12:00 Vou almoçar.
O VAZIO - Maria Eduarda de Medeiros Lage
Já passei por todas as fases dessa doença, a tristeza, a raiva, a euforia, o sofrimento, o
corte, a morte. Mas agora o que chegou dessa vez foi o vazio. Eu não sinto nada.
E isso é apavorante.
Eu não tenho nada dentro de mim, nenhum sentimento me preenche, nenhum amor me
surpreende, nenhuma tristeza me faz chorar. Eu não sinto nada.
A vontade de fazer alguma coisa interessante não existe, a raiva da escola não tem mais, o
amor pela pessoa mais incrível do mundo não está mais aqui, apenas o vazio, apenas o
vazio.
Eu juro que eu tento, tento viver, tento ter forças pra continuar, pra levantar da cama, mas
nem isso eu tenho mais, pois o nada me tomou.
O nada é difícil de explicar, mas é como se eu tivesse morrendo aos poucos e que cada
parte da minha personalidade está indo embora.
As boas lembranças, as tristes lembranças, vão sumindo, sumindo e sumindo, até não
sobrar nada, não sobrar nenhuma coisa dentro de mim, meu coração bate apenas por bater
, não tem estímulo, não tem prazer. E eu não sinto nada.
O que me resta é a dor externa, a dor do corte, a dor da lâmina, a dor que eu faço, a dor
que me machuca, a dor que me faz perceber que estou viva.
Quero queimar meu quarto e sentir o fogo, quero pular do terceiro andar e sentir a dor da
queda, quero que um caminhão passe em cima de mim para sentir a dor da morte, quero
morrer.
Quero sentir, mas quero morrer, quero viver, mas quero me cortar, é complicado, e é por
isso que eu não sinto nada.
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