Escrito por: Artur Starling
O décimo mês do ano finalmente teve seu início, e mesmo essa matéria sendo publicada na edição de setembro, não poderíamos ignorar o período de 30 dias que é responsável por dar visibilidade à campanha de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do câncer de colo de útero. Entretanto, não se esqueça, outubro nos convida a debater sobre o tema, todavia, prevenção não tem mês!
Em primeira análise, o primeiro questionamento de grande parcela da população é acerca da definição de câncer. Consoante o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que têm em comum o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância. Dessa forma, o diagnóstico precoce e os cuidados preventivos mostram-se essenciais nos casos oncológicos, visto que são quadros clínicos que iniciam de forma despercebida, mas que se agravam de maneira rápida e destrutiva.
Posto isso, gostaria de destinar esse texto ao câncer de mama e ao câncer de colo de útero, destacando importantes aspectos que englobam essas patologias, assim como apresentar os principais tópicos que as cercam: definições, estatísticas, sintomas, tratamento/medidas profiláticas.
Definições
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, com comportamentos distintos que variam de acordo com o caso. Nesse sentido, a heterogeneidade deste câncer é manifestada pelas variações clínicas e morfológicas, diferentes assinaturas genéticas e consequentes diferenças nas respostas terapêuticas. Por fim, o espectro de anormalidades proliferativas nos lóbulos e ductos da mama inclui hiperplasia, hiperplasia atípica, carcinoma in situ e carcinoma invasivo. Dentre esses últimos, o carcinoma ductal infiltrante é o tipo histológico mais comum e compreende entre 80 e 90% do total de casos.
Conforme o órgão brasileiro auxiliar do Ministério da Saúde e especializado em oncologia, o câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Nesse viés, a classificação das principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero depende da origem do epitélio comprometido, sendo elas: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 90% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular (cerca de 10% dos casos). Ambos são causados por uma infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV).
Estatísticas
Segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer ou Cancro (Iarc), uma agência intergovernamental que faz parte da Organização Mundial de Saúde das Nações Unidas, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. Além disso, é também a causa mais frequente de morte por câncer nessa população, com 684.996 óbitos estimados para esse ano (15,5% dos óbitos por câncer em mulheres)
Consoante a resultados obtidos pelo mesmo núcleo de pesquisa descrito anteriormente, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, possuindo aproximadamente 570 mil casos novos anualmente em escala mundial. Por fim, sendo responsável por 311 mil óbitos por ano, é a quarta causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.
Sintomas
Em conformidade com o INCA, anteriormente conhecido como Centro de Cancerologia no Serviço de Assistência Hospitalar do Distrito Federal,o câncer de mama pode ser percebido em fases iniciais, na maioria dos casos, por meio dos seguintes sinais e sintomas:
Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher
Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja
Alterações no bico do peito (mamilo)
Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço
Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos
É de extrema importância que esses sinais e sintomas apresentados sejam sempre investigadas por um médico para que possa avaliar o risco de se tratar o tipo de câncer. Por conseguinte, é de suma relevância que as mulheres observem suas mamas sempre que se sentirem confortáveis para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem técnica específica, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.
A postura atenta das mulheres em relação à saúde das mamas é fundamental para a detecção precoce do câncer da mama. Além disso, apesar de ser menos frequente, o câncer de mama afeta também uma parcela da população masculina, sendo necessário, também, o autocuidado e observação do tecido mamário por parte dos homens.
O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.
Tratamento / Medidas profiláticas
Em consonância com o INCA, o tratamento para cada caso deve ser avaliado e orientado por um médico. Entre os tratamentos possíveis para o câncer do colo do útero estão a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia, considerando que o tipo de tratamento dependerá do estadiamento (estágio de evolução) da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais, como idade da paciente e desejo de ter filhos.
Posto isso, a detecção precoce do câncer é uma estratégia eficaz para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. Ela pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento) pertencentes a grupos com maiores chances de terem a doença.
Existe uma fase pré-clínica (sem sintomas) do câncer do colo do útero, em que a detecção de lesões precursoras (que antecedem o aparecimento da doença) pode ser feita através do exame preventivo (Papanicolaou). Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer cervical são de 100%. A doença é silenciosa em seu início e sinais e sintomas como sangramento vaginal, corrimento e dor aparecem em fases mais avançadas da doença.
O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando assim a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso satisfatórias. Todas as mulheres, independentemente da idade, devem ser estimuladas a conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres.
Além disso, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento (exame realizado quando não há sinais nem sintomas suspeitos) seja ofertada para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. A recomendação brasileira segue a orientação da Organização Mundial da Saúde e de países que adotam o rastreamento mamográfico.
A mamografia é uma radiografia das mamas feita por um equipamento de raios X chamado mamógrafo, capaz de identificar alterações suspeitas de câncer antes do surgimento dos sintomas, ou seja, antes que seja palpada qualquer alteração nas mamas. Desse modo, mulheres que apresentam um risco elevado de câncer de mama devem estabelecer com seu médico um diálogo aberto, para avaliação do risco e definição da conduta a ser adotada.
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