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Sistema de cotas no exame de seleção do CAp-COLUNI

Atualizado: 18 de out. de 2021

Escrito por: Beatriz Vidigal


Coletivo COLUNI antirracista fala sobre o sistema de cotas no exame de seleção

A discussão quanto à adoção de política de cotas no COLUNI não é recente. A movimentação no colégio começou no ano de 2017, quando os alunos Cristóvão Borba, Matheus Cepe, Arthur Valadão e Kairo Alessandro, representantes discentes do colegiado, na época, começaram uma ação para tentar mobilizar mais os alunos. Nesse ano estavam-se discutindo também as mudanças no edital do exame de seleção, dentre elas podemos citar a inserção da prova de inglês no exame e a retirada da segunda fase, onde as questões eram abertas. O que acabou acontecendo, em 2017, a respeito das cotas, foi a mudança no bônus para os alunos que vinham de escola pública, este era de 15% e passou a ser de 20%, a intenção era justamente que criasse no COLUNI um ambiente mais diverso.

Naquela época, os representantes discentes do colegiado, propuseram uma discussão profunda com a comunidade estudantil sobre as cotas. Nesse contexto, o musical do segundo ano de 2017, coordenado pelo professor Tidu, foi um musical que tratou a respeito de figuras negras, então começaram a se questionar a respeito da composição dos alunos do COLUNI, o ex-aluno Cristóvão disse o seguinte: “Na época, você conseguia contar em menos de duas mãos cheias, dentre as 160 pessoas do ano, as pessoas que poderiam ser identificadas como pardas claras. Então assim, não eram nem 10% de pessoas negras. Nós começamos a ficar muito indignados com aquilo e levamos isso para uma discussão no colegiado, que não prosperou. No entanto, sou muito contra questionar os hábitos do passado com a visão que a gente tem no presente – muitos docentes que na época foram contrários ao movimento, depois acabaram ajudando e contribuindo para que a adoção do sistema de cotas acontecesse”.

A luta para a adoção de uma política de cotas mais efetiva continuou, alguns alunos do colégio deram continuidade ao movimento, dentre eles estava o Marco Antônio Carvalho, que disse: “A partir do momento que entendemos as demandas e os esforços necessários para não só discutir, mas sim tomar medidas mais efetivas para colocar o assunto em outras vias que não só o discurso, nos organizamos como forma de pressionar a instituição e termos previsões e formatos de implementar a política de cotas, ou como aconteceu, a política de reserva de vagas prevista pela lei.” Foi um longo processo, até que, após 5 meses do movimento o modelo de reserva de vagas foi adotado em uma reunião realizada por uma comissão responsável pelo exame de seleção, uma grande conquista no processo de democratizar o CAp-COLUNI, pois, em seus mais de 50 anos, o colégio ainda é composto majoritariamente por pessoas brancas e típicas (pessoas que não tem deficiência). Marco Antônio finaliza dizendo: “Ademais, algumas mudanças são necessárias não somente visando o âmbito quantitativo como, por exemplo, notas avaliadas pelo MEC, mas se fazem pelo processo de mudanças sociais como no caso a democratização do acesso à educação de qualidade, mudanças essas que mostram dificuldades e desafios tanto para a instituição quanto para os estudantes, um percurso longo e necessário e no COLUNI as reservas de vagas é o ponta pé para que esse processo se mostre efetivo”.

Entretanto, não basta adotar o sistema de cotas e “abandonar” os estudantes que farão uso de tal na instituição, a escola não será a mesma, é necessário que ocorra mudanças em suas práticas pedagógicas. Segundo Amanda Guerra, membro do coletivo antirracista do COLUNI, “Para que não haja discriminação para com as e os estudantes cotistas, o sistema de reserva de vagas deve ser trabalho de maneira constante pela escola, ou seja, pelas e pelos docentes e demais servidores. A atuação do Grêmio estudantil será, também, fundamental na construção de um entendimento coletivo acerca da importância da política de cotas, de modo a estimular o aprimoramento da política ao longo do tempo. Em termos práticos: trazer o assunto para a sala de aula e dedicar momentos para conversa e estudo acerca das mudanças estreadas pela implementação das cotas, de modo a nutrir essa conversa com fatos e não achismos será fundamental para que não apenas entrem novas pessoas no colégio, como também promover que este seja um lugar acolhedor e estimulante das múltiplas vivências”.

A entrada dessa nova demanda de estudantes no COLUNI faz com que seja necessária a tomada de atitudes em relação a questão financeira deles. A Anna Clara Soares, também membro do coletivo antirracista e ex-aluna do colégio, fala um pouco mais sobre isso: “Se faz necessário um suporte financeiro para que esses estudantes possam permanecer na instituição e não precisem trabalhar. O direito a permanência que os estudantes vão ter são dificuldades que antes não apareciam no colégio, por exemplo, o acesso a um auxílio moradia. Toda a política de permanência deve ser pensada conjuntamente, como seminários com outras instituições que tem políticas de permanência pra estudantes, especificamente para estudantes cotistas”.

Diante de tudo isso, parabenizo a todos que estiveram envolvidos, lutaram e contribuíram para que essa política de cotas fosse implementada, sabemos que é só o começo de um longo caminho que temos pela frente, essa discussão não deve se estagnar.







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