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Foto do escritorGrêmio Estudantil COLUNI

Entrevista - O fatídico dia da queda do ventilador

Escrito por: Daniel Rubinger



Foto por: Giovanna Grossi

No começo do ano letivo do Cap-COLUNI no ano de 2020, na sala do 1ºA tomou-se um evento catastrófico de proporções incalculáveis: Devido a falhas técnicas, o ventilador responsável pela refrigeração e circulação de ar pelo ambiente despencou sobre os embriões, atingindo os estudantes Alisson da Silva Neves e Davy Rocha Arêdes. O evento resultou em 2 feridos (os alunos citados acima) e nenhum morto. Porém os danos psicológicos resultantes de um acontecimento tão traumatizante ainda repercutem pelos alunos do agora 2ºA e por todos presentes no fatídico dia.

Hoje, o Prisma celebra o dia do ventilador assim como tantos outros acontecimentos dessa época pré-pandemia. E através dessa busca nostálgica por memórias e lembranças do período presencial, conseguimos arranjar uma exclusiva com um dos sobreviventes do acidente.



O evento da queda do ventilador lhe marcou de alguma maneira?

Olha, me marcou no sentido de que é algo que sempre vou lembrar. 2020, início das aulas, vai ser uma época que sempre vou lembrar. Acredito que não tenha me causado traumas, sabe? É uma coisa que eu sempre trato de forma muito tranquila, assim.

Ah sim. Bom saber. Quando aconteceu o incidente, qual foi a primeira coisa que se passou pela sua cabeça quando o ventilador atingiu ela?

Achei que tinha, tipo, cortado. Fiquei com medo. Eu queria ir ao médico. Foi a primeira coisa que eu pensei.

Então você sentiu o impacto, sentiu que podia ter machucado?

É, porque doeu na hora.

E realmente causou algum problema?

Não. Não causou nada. Inchou um pouquinho onde bateu, mas não sangrou nem nada, foi tranquilo. O médico falou que eu poderia ter uma dor de cabeça depois, mas não tive.

Você foi atendido no COLUNI mesmo?

Não. Fui atendido lá no posto em cima do COLUNI.

Antes do acidente você já estava pensando na possibilidade de o ventilador cair?

Sim, na verdade eu esperava que ele fosse cair na cabeça de outra pessoa. Não pensava que fosse cair na minha. Porque ele sempre rodava parecendo meio solto. Mas nunca pensei que seria na minha cabeça.

O que aconteceu depois que os professores te tiraram da sala?

Me levaram pro pátio do COLUNI (onde tem uns matinhos em volta). Eu lembro que foram uns três professores e talvez a psicóloga e a vice-diretora. Eu sei que foi isso. Mas me deram total apoio, tenho o WhatsApp dos professores até hoje. Eles me mandaram mensagens perguntando se precisavam ir lá em casa, me levaram no médico, me levaram no posto. Tive muito apoio por parte deles e não tenho nada do que reclamar.

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Também contactamos o aluno Davy Arêdes, atingido diretamente pelas hélices do aparato de refrigeração, para ter uma perspectiva diferente sobre o acidente.


Davy, vou aqui fazer umas perguntas acerca do incidente do ventilador.

Beleza.

Ficou bem conhecido o caso em que o Alisson foi atingido pelo objeto, porém poucas pessoas lembram que você também foi afetado por isso. Gostaria de saber um pouco como foi a sua experiência por passar por toda essa situação. Você se machucou?

Em questão de machucar, não machuquei não. E porque caiu mesmo foi literalmente na cabeça do Alisson. A gente estava na aula da Teca na hora. Do nada, a gente está de boa prestando atenção na aula, e o ventilador caiu. Eu tava do lado direito dele (Alisson), que era por onde passava o fio do ventilador. Então ele caiu e ficou agarrado no fio ainda, uma hélice na minha frente e uma do meu lado. Ele ainda tava ligado na hora e resolveu continuar rodando, preso lá, não sabia o que eu fazia. Minha única reação foi pegar e arredar ele pro lado. Eu assustei pra ca**** com aquele trem batendo na minha barriga. Não entendi nada.

Você recebeu algum atendimento dos professores?

Não, nada. A professora perguntou pra sala se tinha acontecido alguma coisa, mas pra mim nada demais.

Antes você já estava pensando na possibilidade de o ventilador cair em alguém?

Desde sempre a gente tem a impressão que os ventiladores vão cair, né? Só que isso nunca tinha acontecido. Então eu olhava pra aquele ventilador e ficava assim: “Esse ventilador ta bambo pra ca****, mas não vai cair. Tem tanto tempo que ele deve tar bambo assim, não vai cair agora.” Até uns dias depois a gente ficou com medo de ficar ali porque o projetor de slides tava bambo também.

Obrigado pela participação.


Desde então o COLUNI tomou providências para evitar a repetição de uma tragédia como essa. Todos os ventiladores potencialmente perigosos foram retirados das salas para serem estudados, desarmados e exterminados.

O colégio nunca viu um verão mais quente.


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